Gritando contra o horror
Há alguns dias, desde a Secretaria Executiva de CLACSO (Conselho Latinoamericano de Ciências Sociais) distribuíamos nosso tradicional cartão de final de ano. Nele, reproduzíamos um belíssimo mural do artista equatoriano Pavel Éqüez, Grito pela Vida. Poucas horas após o início do envio do cartão, começava na Faixa de Gaza um novo e brutal ataque do governo israelense contra o povo palestino.
Um massacre que atenta contra os mais elementares direitos humanos, arrancando sem compaixão toda esperança de paz em uma das regiões mais injustas do planeta. Um massacre que pretende, pela propetência de bombardeios assassinos, negar o direito dos palestinos a um Estado independente.
Nosso 'grito pela vida', modesto e alegre, ganhava uma dimensão inesperada, contaminada de horror e espanto, de indignação e revolta, de impotência e repulsão. Ninguém pode ficar indiferente ante qualquer massacre, nem sequer os indolentes. Todo massacre interpela a humanidade e nos obriga a tomar partido.
Hoje, novamente, perdemos um pouco de nossa já maltratada humanidade em Gaza. Ali, junto com esses meninos e meninas, seus pais e mães, nossos irmãos reduzidos a escombros, gritando pela vida, com seu silêncio de morte e humilhação.
Neste marco, a destruição da Universidade Islâmica de Gaza não faz mais do que agregar uma pérfida marca de brutalidade ao ataque israelense. Nós, desde este lado do mundo, gritamos hoje, mais do que nunca, pela vida, pela paz e pela justiça. Gritamos pela dignidade e pelos direitos negados ao povo palestino. E, gritando, somamos nossa voz e nossa solidariedade com todos aqueles que não aceitam fazer da vida de um povo uma montanha de escombros.
*texto originalmente publicado como editorial da Clacso