Na conversa que teve com o Icarabe, Mariam falou de política, das ações para acabar com a ocupação e a perseguição que os árabe-americanos sofrem nos Estados Unidos.
-Sobre o trabalho da orquestra Said-Barenboim
“É composta por árabes, israelenses e espanhóis. O workshop acontece em Sevilha, Espanha, onde os músicos se encontram para estudar, treinar e exercer, performar a música. Então, a orquestra sai em turnê”.
“A orquestra é sobre coexistência e interação. Isso significa quebrar o muro de separação entre os dois povos. Não tem nada a ver com governos oficiais ou soluções atuais, correntes. É simplesmente uma tentativa, um empreendimento humano que junta as pessoas que dividem e compartilham muitas coisas em comum. A única coisa sobre a qual elas concordam é que o conflito palestino-israelense tem muitas soluções”.
-Sobre as campanhas globais que podem acabar com a ocupação
“Pressionar o governo de Israel para negociar em uma base igual com os palestinos, independente quem esteja representando eles e sem pré-condições”.
-Análise do cenário político palestino atual, com a eleição do Hamas e o enfraquecimento da Fatah
“Não sei, nesse ponto teremos que esperar e ver. A vitória do Hamas foi simplesmente uma necessidade por mudança e uma mudança drástica do impasse presente”.
-Sobre uma alternative secular, com a Palestinian National Initiative, partido fundado, entre outros, por seu falecido marido, Edward Said, e seu líder, Mustafa Barghouti
“Certamente é uma alternativa e deveria ser. Barghouti é um dos membros independente do parlamento e uma das duas pessoas que representam o partido. Com o tempo, cada coisa a seu tempo, acho que ele tem chance”.
-Edward Said enxergava o Hamas como uma alternativa?
“Eu não sei se ele alguma vez pensou se o Hamas era uma alternativa possível. No entanto, como um indivíduo secular, ele era cético com relação a partidos religiosos. Ele acreditava firmemente na separação entre Igreja e Estado”.
-Em livro de David Price, veio à tona a confirmação de que Edward Said era espionado pelo FBI. Havia suspeita com relação a isso?
“Nós sempre soubemos que ele deveria estar sendo observado. Nós brincávamos e fazíamos piada sobre nossos telefones estarem grampeados. No entanto, nós nunca soubemos a extensão disso. Meu filho pensa em pedir os arquivos do FBI sobre ele já que meu marido morreu e nós nunca chegamos perto ou abordamos o assunto. O FBI tem arquivos em todas as pessoas politicamente envolvidas. Como todos os árabe-americanos, eu provavelmente estou sendo espionada”.