Sereias da Vila recebem Seleção feminina da palestina para intercâmbio
A comissão técnica do time estrangeiro é dirigida pelo técnico, Hani Saeed Ahmad Almajdoubah, com o auxílio do preparador de goleiras, Basel Alhamidi, e da diretora, Ayda Ali Hessan Musleh.
A iniciativa está sendo patrocinada pelo Governo brasileiro em parceria com o Santos Futebol Clube e esta é a primeira atividade realizada no âmbito do Memorando de Entendimento sobre Cooperação na Área do Esporte, assinado durante visita do presidente Lula aos Territórios Palestinos Ocupados, em março de 2010.
O equipe palestina, que fica no Brasil até o próximo dia 5 de julho, além de conhecer a Vila Belmiro, a cidade de Santos e treinarem com as Sereias, também visitaram, no dia 30 de junho, na capital paulista, o Museu do Futebol, o Estádio do Pacaembu e o Centro de Treinamento da Portuguesa, onde puderam assistir a um jogo das santistas contra o time da casa.
Do grupo de jogadoras, 13 são muçulmanas e sete são cristãs. Elas são provenientes de diferentes cidades da região, como Jerusalém, Ramalah e Belém, e todas estudam. Segundo a zagueira Nevin Alkalayb, de 25 anos, que integra a seleção visitante, a experiência está servindo para assimilar um pouco da “ginga” e eficiência das Sereias da Vila. “O futebol é como o ar que eu respiro. Estou muito animada com este intercâmbio. Espero tirar o máximo desta oficina, já que as jogadoras brasileiras são uma inspiração para todas nós”, disse. Ela foi a atleta que mais chamou atenção dos brasileiros por ser a única do time a jogar e treinar com um véu cobrindo os cabelos. “O véu nunca me atrapalhou em nada, nem para realizar movimentos. Sempre fiz tudo com ele e nunca me senti diferente das outras jogadoras. Em outros países muçulmanos também é assim, é normal para nós”, afirmou.
De acordo com a capitã da equipe, Shareehan Khwees, que vive me Jerusalém Oriental, o grupo está apreciando tudo no Brasil, “a comida, as pessoas, tudo é adorável e muito novo, e os treinos de futebol são de alta qualidade”, disse.
Sobre a realidade do feutebol feminino na Palestina, a jogadora afirma que não é das mais fáceis. “É raro conseguirmos campos para jogarmos. Todas as cidade da região palestina têm apenas um ou dois campos e quase todos são usados pelos rapazes, não há muito espaço para as mulheres, mas aos poucos vamos conquistando”, conta Shareehan. Segundo ela, a sociedade local ainda tem bastante preconceito em relação ao futebol feminino, sendo que na Palestina o futebol feminino existe oficialmente há apenas dois anos. Além da falta de campos, ainda há a falta de equipamentos de treinamento.
A ocupação Israelense também é um problema grave que dificulta a locomoção das jogadoras. “Há pontos de checagem em diversos locais, não conseguimos sair com facilidade de onde estamos, viajar. Passar por eles é sempre um estresse, pode levar horas. Não temos o direito de ir e vir, temos que sempre que nos identificar, dentro de nossa terra, de nossas cidade”, denuncia a jogadora. Na delegação, não há nenhuma atleta representante da Faixa de Gaza. Segundo as jogadoras, o governo israelense não autorizou a saída das jogadoras para o exterior.
Assista ao vídeo do treino entre as equipes palestina e santista: