A única entrada para Gaza é a do ano novo
Entre ogoverno israelense, o egípcio e a autoridade palestina, o povo deGaza vem sofrendo desde 1948, com expressiva piora após 1967e entrando em um total caos a partir de 27 de dezembro de 2008. Esta última data marcou o início das três semanas da operação mais criminosa que o exército israelensecometeu contra os palestinos de Gaza, levando à morte mais de 1.400 pessoas, grande parte crianças, e ainda deixando mais de 15.000 feridos. Hoje, um ano depois dessa operação de limpeza étnica, os palestinos sobreviventes de Gaza continuam submetidos ao terceiro ano consecutivo de total cerco e isolamento, sem acesso a medicamentos, alimentos ou ajudas humanitárias.Todas as entradas estão bloqueadas, tornando a região sitiada. E o mundo assiste de camarote.
Espera-se que o governo israelense aumente cada vezmais o cerco, contando sempre com o apoio explícito dogoverno imperialista norte-americano. No Oriente Médio, emesmo fora dele, muitos analistas políticos expressam a sua surpresa pela postura do governo Mubarak, que age como grande aliado dogoverno israelense, impedindo a entrada mesmo dos comboioshumanitários e construindo uma muralha para isolar cada vezmais o povo de Gaza. Alguém tem dúvida de que esse isolamento levará à sua lenta e gradativa morte coletiva,sem alimentos, sem água e sem medicamentos? Da minha parte,como simples observador do comportamento do eterno governo HossnyMubarak, não vejo surpresa alguma. De fato, esperava por tudoisso e muito mais. O governo do Cairo, sem noção do tempo ou do espaço, limita-se em sua análise aoespaço de residência do governante e ao tempo deconversa com os seus auxiliares. Apenas perguntaria ao senhor eternoe onipotente, no entanto, sem clemência e muito menos misericórdia, que desgoverna o Egito há mais de 28 anos,como era o estado nutricional, a qualidade ambiental, a saúdee a dignidade dos palestinos na era Nasser, ou mesmo na era Sadat?Que contribuição positiva deu aos palestinos? Quaisforam os programas desenvolvidos pelo seu governo para oferecercondições mínimas aos palestinos sobreviverem aesse estado de calamidade? O mais trágico é que tudoisso aconteça contra a vontade do próprio povoegípcio, que ele, Mubarak, reprime com mão de ferro eao qual também renega condições dignas de vidae de humanidade.
Israel e EUA não precisam de mais representantesna região. Os palestinos, sim, necessitam de um governanteárabe que lidere um processo político que possibiliteconstruir frentes árabes capazes de pressionar o mundo centralna busca de uma solução justa para os dois povos emconflito. Ao mesmo tempo, os palestinos necessitam de apoio e deprogramas de desenvolvimento, incluindo saúde,educação, habitação e trabalho, para que elespossam formar quadros políticos, líderes eporta-vozes.
O gigante árabe está adormecido,anestesiado, amedrontado e enfraquecido. Os povos árabesnecessitam de um movimento reformista e democratizante, elegendo políticos e governantes qualificados, honestos e comprometidos comos seus povos naquela região. Os EUA precisam manter algumacoerência, entre a prática e o discurso. Defendem ademocracia, porém, nunca criticaram os 28 anos de“governo” de um “presidente daRepública”, apenas por ser um aliado. Sentindo o saborda democracia brasileira, fico envergonhado quando vejo aConstituição egípcia e a eternização dos governantes. Não há mandato.Há apenas o início do governo, o final fica por contada ordem divina. A era Nasser terminou quando o presidente morreu. Ade Sadat quando este foi morto. Seria essa uma cláusula constitucional?
Os comboios de diferentes regiões do mundoficaram parados por semanas, impedidos pelas autoridadesegípcias de entrar em Gaza*. Como diz o provérbioárabe: “Não tem clemência e não deixa aclemência de Deus chegar aos que necessitam.” O governoegípcio, a meu ver, comete um crime contra a humanidade. Osque acreditam no Dia do Juízo, podem ter certeza, haveráa punição. No Brasil, dizemos: A justiça tarda,mas não falha. Aguardaremos. O meu consolo está naciência. As ciências ecológicas nos ensinam que asforças de pressão negativa levam àevolução. O sofrimento dos árabes em geral, e odos palestinos em particular, levará ao aprimoramento eà evolução desses povos, que a históriaestá sendo escrita, e um dia o sol voltará a nascer noOriente Médio.
* Notada redação: Segundo notícia publicada no PortalArabesq, em 6 de janeiro, finalmente os comboios conseguiram entrar emGaza, após exaustiva negociação. Mesmo assim, 48veículos foram barrados e impedidos de ingressar noterritório palestino ocupado.
Espera-se que o governo israelense aumente cada vezmais o cerco, contando sempre com o apoio explícito dogoverno imperialista norte-americano. No Oriente Médio, emesmo fora dele, muitos analistas políticos expressam a sua surpresa pela postura do governo Mubarak, que age como grande aliado dogoverno israelense, impedindo a entrada mesmo dos comboioshumanitários e construindo uma muralha para isolar cada vezmais o povo de Gaza. Alguém tem dúvida de que esse isolamento levará à sua lenta e gradativa morte coletiva,sem alimentos, sem água e sem medicamentos? Da minha parte,como simples observador do comportamento do eterno governo HossnyMubarak, não vejo surpresa alguma. De fato, esperava por tudoisso e muito mais. O governo do Cairo, sem noção do tempo ou do espaço, limita-se em sua análise aoespaço de residência do governante e ao tempo deconversa com os seus auxiliares. Apenas perguntaria ao senhor eternoe onipotente, no entanto, sem clemência e muito menos misericórdia, que desgoverna o Egito há mais de 28 anos,como era o estado nutricional, a qualidade ambiental, a saúdee a dignidade dos palestinos na era Nasser, ou mesmo na era Sadat?Que contribuição positiva deu aos palestinos? Quaisforam os programas desenvolvidos pelo seu governo para oferecercondições mínimas aos palestinos sobreviverem aesse estado de calamidade? O mais trágico é que tudoisso aconteça contra a vontade do próprio povoegípcio, que ele, Mubarak, reprime com mão de ferro eao qual também renega condições dignas de vidae de humanidade.
Israel e EUA não precisam de mais representantesna região. Os palestinos, sim, necessitam de um governanteárabe que lidere um processo político que possibiliteconstruir frentes árabes capazes de pressionar o mundo centralna busca de uma solução justa para os dois povos emconflito. Ao mesmo tempo, os palestinos necessitam de apoio e deprogramas de desenvolvimento, incluindo saúde,educação, habitação e trabalho, para que elespossam formar quadros políticos, líderes eporta-vozes.
O gigante árabe está adormecido,anestesiado, amedrontado e enfraquecido. Os povos árabesnecessitam de um movimento reformista e democratizante, elegendo políticos e governantes qualificados, honestos e comprometidos comos seus povos naquela região. Os EUA precisam manter algumacoerência, entre a prática e o discurso. Defendem ademocracia, porém, nunca criticaram os 28 anos de“governo” de um “presidente daRepública”, apenas por ser um aliado. Sentindo o saborda democracia brasileira, fico envergonhado quando vejo aConstituição egípcia e a eternização dos governantes. Não há mandato.Há apenas o início do governo, o final fica por contada ordem divina. A era Nasser terminou quando o presidente morreu. Ade Sadat quando este foi morto. Seria essa uma cláusula constitucional?
Os comboios de diferentes regiões do mundoficaram parados por semanas, impedidos pelas autoridadesegípcias de entrar em Gaza*. Como diz o provérbioárabe: “Não tem clemência e não deixa aclemência de Deus chegar aos que necessitam.” O governoegípcio, a meu ver, comete um crime contra a humanidade. Osque acreditam no Dia do Juízo, podem ter certeza, haveráa punição. No Brasil, dizemos: A justiça tarda,mas não falha. Aguardaremos. O meu consolo está naciência. As ciências ecológicas nos ensinam que asforças de pressão negativa levam àevolução. O sofrimento dos árabes em geral, e odos palestinos em particular, levará ao aprimoramento eà evolução desses povos, que a históriaestá sendo escrita, e um dia o sol voltará a nascer noOriente Médio.
* Notada redação: Segundo notícia publicada no PortalArabesq, em 6 de janeiro, finalmente os comboios conseguiram entrar emGaza, após exaustiva negociação. Mesmo assim, 48veículos foram barrados e impedidos de ingressar noterritório palestino ocupado.