No dia 28 de agosto, a Folha de S. Paulo publicou entrevista com a jornalista espanhola Pilar Rahola, segundo o jornal, uma “especialista em terrorismo”. Especialista no assunto, falhou ao olhar para uma cultura muito mais complexa. Suas respostas foram um desfile de conceitos lamentáveis e racistas que consolidaram mais uma vez um preconceito arraigado à cultura árabe.
Quando os filósofos de Alexandria, no Egito, promoveram o sincretismo de Ísis e Palas Athena, a deusa grega da Sabedoria, seu templo, em Saís, passou a ostentar uma máxima que veio a se tornar clássica: 'Eu sou tudo o que é e o que sempre será.
O Egito (78 milhões de habitantes) estará vivendo, no dia 7 de setembro, uma eleição figurativa. O presidente Mubarak, que está no poder há 24 anos, disputará o cargo com nove candidatos fracos e sem nenhuma chance de vitória. A lista foi divulgada no dia 11 de agosto, após a exigência de polêmicos e rigorosos requisitos para a apresentação de candidaturas.
Como descendente de sírios, decidi viajar ao país para aprender a dança folclórica nacional. Pensei que na Síria, país que se resguardou mais em comparação com seus vizinhos árabes, poderia encontrar a memória mais presente. Mas o que percebi foi uma grande influência da cultura ocidental, principalmente na capital Damasco.
Uma recente viagem ao Irã me fez pensar em algo que já sabia, mas que constatei in loco: olhar de perto para um povo nos faz pensar em nós mesmos e na nossa própria identidade ou humanidade. O Irã é um país do Oriente Médio, mas que não faz parte da Nação Árabe. As línguas faladas ali são o persa ou o farsi, entre outras, e a origem deste povo não é comum ao povo árabe.
O início da formação da “nação árabe” foi em 622 da era cristã, com o advento do Islão, adquirindo seus contornos maiores com a chegada dos muçulmanos à Península Ibérica.
As teses de Edward Said sobre o orientalismo se tornaram clássicas, com as ambigüidades dessa projeção: são consolidadas, legitimadas, difundidas, mas ao mesmo tempo são domesticadas, tem seu poder subversivo neutralizado e passam a repousar tranqüilamente nas bibliografias e nas bibliotecas.
O diálogo entre as civilizações não é mais uma escolha; tornou-se a partir de agora uma necessidade, essencialmente em tempos de turbulências e tensões. A iniciativa veio da América Latina, em momento oportuno, do Brasil, para participar de uma reflexão de fundo sobre as vias de realizar-se um diálogo frutífero e responsável entre os intelectuais dos dois lados.Tradução de Michel Sleiman