10ª Mostra Mundo Árabe de Cinema supera expectativa de público em Belo Horizonte
O curta “Indignação não tem muros”, que concorreu ao Oscar 2014 na categoria Curta Documentário, e “A casa das amoreiras”, que integrou a seleção oficial para o Festival de Dubai em 2013, retratam as revoltas populares no Iêmen em 2011. O primeiro aborda em uma perspectiva realista e forte a vida de dois pais de família em meio à repressão violenta dos protestos quando atiradores pró-governo assassinaram brutalmente mais de 50 pessoas e deixaram milhares de feridos em março de 2011. Já o segundo retrata o cotidiano da família da própria Sara, que emigra para a Escócia aos 17 anos e retorna dez anos depois, quando reencontra a família e o país em revolução. O longa mostra ações do dia-a-dia que aproximam e humanizam a vivência da família em relação aos acontecimentos violentos do país naquele momento.
Para o produtor André, os documentários que retratam situação de guerra e conflitos políticos fortes, além dos longas de ficção e históricos, possibilitam abordar várias cinematografias nos países árabes. “A curadoria este ano privilegia a relação do cinema com as outras artes, temos filmes que dialogam com a música, a literatura e com a fotografia e todas essas artes têm programação paralela em todas as capitais em que a Mostra acontece (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Vitória). Teremos por exemplo, em Belo Horizonte, um bate papo com a produtora executiva de ‘Marte ao Amanhecer’, Nirah Shirazipour, após a exibição do filme, em 28 de agosto”.
A mostra foi bem recebida pelos mineiros que lotaram a sala de cinema do Centro Cultural do Banco do Brasil. A produtora Yasmini Costa está otimista em relação aos próximos dias “estou gostando muito de trabalhar na Mostra, é a primeira vez e eu acho que superou as expectativas de público, não esperávamos tanta gente”, comenta animada.
Os estudantes de Relações Internacionais Rafael Libaneo e Nina Lavezeo, que estavam na plateia, elogiaram o evento e já se programaram para aproveitar os dez dias de atividades da Mostra na capital mineira. “O primeiro filme (“Indignação não tem Muros”) mostra bem, até demais o que é estar em uma revolução, acho a iniciativa maravilhosa, acho que é preciso mostrar a cultura árabe para o mundo”. Para Nina, o segundo filme (A casa das amoreiras) quebra vários estereótipos. “Mostra vários paradigmas dentro da própria cultura que a gente nem imagina, coisas que a gente viveria também se tivesse lá, eu achei muito humano” diz a estudante.
Para o produtor André Albregard, “a Mostra é fundamental para proporcionar ao púbico brasileiro esse acesso ao cinema árabe, que no cinema comercial praticamente inexiste, salvo uma ou outra iniciativa. E a Mostra tem esse papel de trazer a cinematografia árabe para o público brasileiro e mostrar que as questões são semelhantes”.
A programação em Belo Horizonte vai até domingo, dia 30, e promete voltar. “BH é uma capital importante no Brasil e é um palco que a gente quer estabelecer. Foi muito importante o CCBB abrir esse espaço para a Mostra, a ideia é firmar essa parceria a longo prazo”, finaliza André.
Para a programação completa da Mostra, acesse o site http://www.mundoarabe2015.icarabe.org/