Líbano, uma joia do oriente

Ter, 30/03/2010 - 13:24
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“A vós o vosso Líbano com as suas políticas, e a mim o meu Líbano com a sua beleza... e com o que possui de sonhos e tranqüilidade”. (Kalil Gibran)

Em viagem recente ao Líbano, constato encantada, que existe um paraíso sobre a terra. Com nome e localização certa. E por mais contraditório que possa parecer, ele fica neste pequeno país do Oriente Médio com pouco mais de dez mil quilômetros quadrados (menor que o estado de Sergipe, o menor estado brasileiro). É cercado por belas montanhas, praias, baías e lindas, abundantes e cheirosas florestas de cedro, a árvore símbolo que está na bandeira do país.

Em manuscritos antigos e até na Bíblia, o Líbano já aparece com o nome de paraíso terrestre por causa de suas imensas florestas de cedros, carvalhos, pinheiros e outras árvores de essências aromáticas. Também foi o grande celeiro do Império Romano na antiguidade. Um Mediterrâneo em tom azulado banha toda sua a costa oeste, rivalizando com montanhas cobertas de neve no inverno, abundantes reservas ecológicas, sítios arqueológicos, monumentos históricos, gastronomia da melhor qualidade e muita, muita badalação. Movimentada, divertida, alegre...assim é a vida noturna em Beirute, a capital com 800 mil habitantes (a Grande Beirute tem cerca de 1.500 habitantes.

O Líbano é uma fonte permanente de água (produto escasso pelas bandas do Oriente) dando nome à capital, Beirute. Fundada no século 13 a.C. pelos fenícios, Beroth ou Béryte quer dizer exatamente isso: cidade das fontes. No inverno, a neve ao cair, desliza montanha abaixo, formando inúmeras fontes e enormes depósitos naturais de água, de 1200 a 1500 metros de altitude. Eles chegam a exportar água para os países do Golfo gerando uma boa fonte de renda para o governo, uma república democrática parlamentar, dirigida por um primeiro-ministro.

Jeíta é um desses reservatórios de água. A gruta, a 20 km de Beirute, é considerada uma das mais belas do mundo. É de cair o queixo. Toda ela revestida em estalagmite e estalactite. Pena que não possa ser fotografada por dentro. Durante um pitoresco passeio de barco pelo labirinto desta gruta, podemos testemunhar um espetáculo que a natureza, caprichosamente, reservou ao povo libanês. O silêncio dentro da gruta faz você pensar que chegou ao sétimo céu. E faz contraponto com a agitada vida de Beirute. Coisas do Oriente. 

 

A PARIS DO ORIENTE

Com forte influência francesa, a cidade que recebeu a alcunha de “a Paris do Oriente” em tempos passados, lembra em muito as cidades européias com seus charmosos cafés e restaurantes ao ar livre, localizados principalmente no seu centro histórico, quase todo reconstruído depois da última guerra civil (1975-1990), que abalou profundamente a economia do país e sua posição de destaque no cenário regional.

Beirute é pequena e linda, e já foi destruída e reconstruída 7 vezes, ganhando um título sui gêneris: “a cidade que se recusa a desaparecer”. Atualmente, o Líbano brilha como protagonista do Oriente Médio. Com a economia que tem uma das mais altas taxas de crescimento do mundo, o país volta a ser chamado por especialistas de “a Suíça do Oriente” pelas atividades financeiras realizadas ali, o que gera um dos mais elevados padrões de vida do Oriente Médio.

Além dos cafés, as galerias de arte e as lojas de famosas grifes se misturam no centro de Beirute com ruínas de 17 antigas civilizações, que contam, através das descobertas arqueológicas, a história dos cananeus até os dias atuais. Uma sobreposta a outra. Um verdadeiro museu a céu aberto. O centro abriga ainda arranha-céus futurísticos e hotéis de classe internacional, a sede de grandes bancos (nacionais e internacionais), escritórios comerciais, imóveis residenciais e um calçadão à beira-mar com uma variedade incrível de restaurantes, balneários, hotéis, marinas, lojas, parque de diversões e, claro, vendedores ambulantes muito simpáticos de peças tipicamente libanesas.

Parar num dos restaurantes da orla marítima, em Raoché, para tomar café ou experimentar um prato tipicamente libanês é uma obrigação do turista. Ali está um dos cartões postais de Beirute: estruturas de pedras do período neolítico que serviam de habitação ao nosso ancestral primitivo. Caso você tenha uma sintonia direta com o mar, pare (o tempo que for preciso, pois ele merece) para admirar o incrível azul turquesa do Mediterrâneo, o grande mar dos fenícios. Vai se sentir revigorado para continuar o passeio.

Uma curiosidade: em Beirute se fala o francês como se estivéssemos na França. Há duas explicações para isto: além da dominação francesa que perdurou até a independência do país em 1943, Beirute sempre foi uma cidade aberta ao mar e ao mundo. Você não encontra um morador de Beirute que não saiba falar fluentemente pelo menos 3 línguas: a nativa, que é o árabe, o francês e o inglês. Até português se fala no Líbano. É no Vale do Bekaa, principalmente nas cidades de Sultan Yaculb e Kamed Lauz. 

 

O MAIOR PATRIMÔNIO DA ERA ROMANA ESTÁ NO LÍBANO

Noventa por cento da população desse vale são de muçulmanos, que emigraram para o Brasil e voltaram para dar condições aos filhos de aprenderem o árabe puro – a língua base do Islamismo - ensinado nas medrasses. A estrada do Vale dá acesso ao importante sítio arqueológico de Baalbeck, a 85 km de Beirute, considerado no meio científico, um dos maiores monumentos arqueológicos romano do mundo. Data da época em que os romanos eram os donos da situação e de quase metade do mundo. É onde se encontram os templos de Júpiter, de Baco e da deusa Vênus, dos séculos II e III d.C.

Foi ali, no templo de Júpiter, que o imperador brasileiro Pedro II, numa viagem de férias ao Oriente Médio (custeada pelo seu próprio bolso), resolveu “pichar” seu nome em um dos monumentos dedicados a Júpiter, o deus sol adorado tanto no Ocidente como no Oriente, em épocas passadas.

O imperador, que era um apaixonado e estudioso do Oriente, ficou tão deslumbrado com as ruínas do templo pagão que colocou seu nome, de acordo com os protocolos da época, em uma das colunas, ao lado de um texto escrito anteriormente em francês que dizia: Comme le monde est bête!!! (como o mundo é besta).

Quase dois mil anos já se passaram e nem terremotos nem conflitos conseguem apagar a beleza desse tesouro da humanidade. Para se ter idéia da tecnologia que os romanos já adotavam, em alguns blocos foi colocada uma camada de chumbo para que, em caso de terremoto de baixa intensidade, eles balancem, mas não caiam. Doze enormes colunas em granito rosa (lindas! Só elas já valem a viagem) foram trazidas de Assuan, no Egito. Imagine o trabalho que os romanos tiveram.

Outra particularidade: os raios de sol iluminavam permanentemente, e em várias tonalidades diferentes, a estátua de ouro do deus Baco, deus do vinho. Esses raios entravam pelas aberturas do teto, fechadas com pastas de vidro. O segredo? O templo foi construído de frente para o nascente. E mais: em época de inverno, quando nevava, ninguém passava frio dentro do Grande Salão. Serpentinas de água quente corriam soltas pelo piso de pedra, auxiliadas por pequenos furos nos rodapés das paredes por onde saiam os vapores e aqueciam a sala. Tecnologia de última geração do império romano.

Agora feche os olhos e imagine tudo isso iluminado e você assistindo ao vivo e a cores La Tosca de Poccini ou o cantor Sting, o brasileiro Gilberto Gil ou ainda uma apresentação do Balé Bolchoi... É o Festival Internacional de Baalbeck, que começou em 1955 e agora retoma o seu ritmo com o mesmo esplendor de outrora. 

 

AS CIDADES FENÍCIAS

Conforme vamos avançando pelas belas montanhas do Líbano aparecem o que quase não se vê mais na capital: mulheres de véus pretos e homens com um tipo de chapéu cônico que se assemelha ao dos faraós egípcios (chama lebbadé). São camponeses que tangem ovelhas e carneiros e vivem muito tradicionalmente à moda antiga, agarrados aos valores e às tradições, mantendo uma cultura própria.

Do outro lado da “pequena montanha” cortada por estradas estreitas e sinuosas, descortina-se um dos locais do Oriente Médio mais rico em termos arqueológicos. É Byblos, ou Jbeil, a 37 km de Beirute, norte do Mediterrâneo. É a porta de entrada para uma das cidades fenícias de arquitetura mais conservada e antiga do mundo, habitada ininterruptamente há 7 mil anos. Mais de vinte civilizações passaram por ali. Até mesmo os cruzados que, em torno de 1104, fincaram os pés nas areias branquinhas de Byblos, construindo a famosa Cidadela, em torno da qual se desenvolveu a cidade com suas casas e pequenas ruas, como as das antigas cidades medievais.

Daí em diante, essas vielas serpenteiam em torno da Cidadela – uma fortaleza retangular (45 x 50m), destruída e reconstruída não se sabe quantas vezes por batalhas e terremotos, como, aliás, tudo naquele fantástico país – até chegar à entrada do antigo porto de Byblos, ou do que restou dele. De onde os fenícios partiram para mares nunca dantes navegados e começaram as primeiras negociações que os deixaram famosos no mundo todo.

Foram eles, os fenícios, que transformaram a cidade em um importante centro religioso e comercial, vendendo madeira de cedro para a construção de navios e templos. Aliás, foram eles também que nos prestaram um imenso favor, transformando os famosos e complicados hieróglifos egípcios no nosso atual alfabeto. Eles transmitiram aos gregos, que compraram a idéia, um sistema mais simples e eficiente de escrever, e da Grécia para o Ocidente foi um pulo.

Descendo em direção ao Mediterrâneo, imagine o que há no meio do caminho? Uma pequeníssima e singela capela dedicada a Nossa Senhora da Penha do Rio de Janeiro, com direito a exposição de um quadro da santa trazido por emigrantes libaneses quando retornaram do Brasil, em 1930.

Rodeando a capelinha, lindas casas tipicamente libanesas com paredes de pedras, janelas arcadas e telhados vermelhos emolduram a paisagem cercada de belas árvores, até chegarmos ao antigo porto onde os ousados fenícios, em épocas remotas, se lançavam de corpo, alma e, principalmente, espírito de aventura até se tornarem os grandes desbravadores da história marítima que nós conhecemos dos livros de história.

Daí em diante, você vai ver uma variedade de pequenos e charmosos barzinhos, cafés, restaurantes e hotéis, até chegar ao “Fishing Club”, que virou lenda tempos atrás quando por ali passaram personalidades (tudo registrado em fotos) como Sophia Loren, Marlon Brando, Brigitte Bardot, David Rochefeller, Michel Temer, José Sarney e agora, claro, a jornalista Marta Tajra. Sempre acompanhada do escritor e pesquisador Roberto Khatlab, um brasileiro que mora em Beirute.

No local, existe um museu de peças antigas da época fenícia, romana, grega e até objetos maias trazidos do México. Tudo coleção particular do proprietário, Pepé Abed, um libanês de origem mexicana. Infelizmente, Pepé morreu em 2007, mas os filhos levam adiante o seu sonho, que inclui um restaurante com vista para o porto fenício. Há também o Festival de Byblos, na área da Cidadela, com grandes espetáculos ao ar livre. Enfim, a cidade é um charme. À noite é puro romantismo. 

 

RELIGIOSIDADE À FLOR DA PELE

Subindo outra montanha – a montanha santa – (o Líbano é assim mesmo, um tal de subir e descer montanhas sem fim), a 620m de altitude, chega-se a Harissa, um dos lugares de maior peregrinação cristã no Oriente Médio dedicado exclusivamente à Maria, cuja devoção é aceita também no Islã.

É o Santuário de Nossa Senhora do Líbano, de 1904, cuja estátua foi fabricada em Lyon (França) em bronze fundido com 8,5 metros. A particularidade é que a basílica da santa tem forma de árvore de cedro e de um navio fenício (deitado). Ao lado, está a Basílica do Apóstolo Paulo (Grego-Melquita Católica), uma lindíssima arquitetura bizantina com cúpulas e meias cúpulas sobrepostas.

Quando o sol se põe, a vista é deslumbrante, tanto dessa basílica, como da baía de Junieh, de Beirute, ou ainda de Byblos e do mar Mediterrâneo. A montanha santa é assim chamada por ter o maior número de patriarcados, mosteiros e igrejas entre as diversas comunidades religiosas do Líbano.
Em Harissa, cedros centenários, alguns de 300 anos, enfeitam a paisagem da pequena praça em frente à capela dedicada à Maria, onde turistas e peregrinos de todo o mundo, de todas as raças e religiões, se misturam com um só objetivo: dar graças e conhecer a verdadeira dimensão da fé humana.

O Líbano, como disse antes, tem uma superfície menor que do estado de Sergipe. Isto significa que você poderia percorrer em um só dia todo o seu litoral de norte a sul... se não fosse a grande quantidade de cidades e sítios arqueológicos para se conhecer, além do engarrafamento dos grandes centros, a comida que você não pode deixar de ir parando para experimentar ( é uma das melhores dos países árabes) e o seu povo, que é hospitaleiro, alegre e falante por natureza. Com quase quatro milhões de habitantes (contando com os estrangeiros), este número é menor que a população que emigrou para o Brasil e de seus descendentes que hoje é de 6 milhões.

O país está dividido administrativamente em províncias, cada qual com a sua capital. 

 

E EM ZAHLE, ENCONTRO AS MINHAS RAÍZES

Falar de Zahle (pronuncia-se Zarle) significa falar um pouco de minhas raízes. Foi dessa cidade que a minha avó, muito mocinha ainda, saiu com toda a sua família para o Brasil. E nunca mais voltou. Mas se ela saiu de Zahle por causa dos conflitos e das guerras, Zahle nunca saiu da minha avó. A começar pela maneira refinada e elegante de ser e se vestir. As mulheres de Zahle eram conhecidas e as mais procuradas pelos homens do Líbano e países próximos quando queriam casar. Além de bonitas e preparadas, eram ainda, como até hoje, muito cultas. A cidade é conhecida como “A Noiva do Líbano”, por causa dessa característica.

Foram de Zahle que saíram também grandes poetas e escritores libaneses, como Said Akli e Antun Najar. Este último foi sócio de Salim Balech, que fundou o primeiro jornal árabe no Brasil, Ak-Fayha - Mundo Largo - em 1895, o segundo das Américas. Outro poeta é Fauzi Maluf, um dos pilares do Renascimento da literatura árabe - Nahda
Além da poesia, Zahle é conhecida como a Cidade dos Vinhos. Construída entre duas colinas, a cidade é como um pequeno bibelô por onde passa o famoso rio Bardawni. Hoje, o lugar por onde passa este rio, é cheio de restaurantes cobertos por belas parreiras e rodeado de árvores. A rua principal que desemboca neste rio chama-se rua Brasil, uma homenagem a este país que acolheu e amou incondicionalmente os imigrantes libaneses, do qual faço parte como estatística.

Fundada no século XVIII, a cidade é repleta de vestígios históricos e pré-históricos como, de resto, todo o Líbano. A arquitetura libanesa do século XVII, com suas arcadas e belos jardins, contam a história desta Zahle que eu costumava ouvir da minha avó quando ainda era apenas uma criança.

Saindo de Zahle, outro lugar belíssimo de se conhecer é Deir-al Kamar (em árabe, Convento da Lua). Esta cidade, a 35 km de Beirute, foi durante 3 séculos, a capital do Líbano, constituindo o centro político, cultural, comercial e industrial do país. É toda construída nos penhascos de uma montanha (850 metros) com casas brancas de telhados vermelhos, belos palácios dos séculos XVII e XVIII e, no centro da praça principal, um lindo chafariz, que em séculos passados, jorrava água fresca sem parar para a população. 

 

ARQUITETURA DAS MIL E UMA NOITES

Bem perto, a 800 metros de altitude, outra cidade parece ter sido tirada diretamente dos livros de contos orientais. É Beit Eddine, onde fica o verdadeiro palácio fo Livro das mil e uma noites, situado a 45 km de Beirute e quase escondido entre árvores frutíferas, oliveiras e parreiras. Levou 30 anos para ser construído e contou com a colaboração dos melhores arquitetos sírios de Damasco e Alepo, assim como de arquitetos italianos.

O dono desse magnífico projeto foi o Emir Backir II (emir é o título dado aos chefes em algumas regiões muçulmanas) e para que não se tenha dúvida dessa miragem em plena região montanhosa, o palácio foi construído sobre um rochedo (que domina todo o vale) no intuito de realçar toda a sua imponência, que não é pouca coisa.

Paredes e tetos luxuosamente decorados, com pisos de mosaico policrômico, graciosas arcadas e fonte por todos os lados – um verdadeiro vislumbre da arquitetura oriental -remetem a uma época (1788-1840) em que o emir recebia e hospedava os viajantes no palácio por três dias, sem nem mesmo perguntar a sua identidade (faz parte das regras da hospitalidade árabe) e passeava com suas esposas por belíssimos jardins.

Mais três suntuosos palácios completavam a trilogia dos encantos das mil e uma noites destes príncipes árabes. Foram feitos para os filhos do Emir, os príncipes Kassim, Khalil e Amine. Este último, do príncipe Amine, foi transformado atualmente em luxuoso hotel. Ao redor, bons restaurantes e cafés nos trazem de volta ao século XXI.

Historicamente, em 1840, o palácio passou a ser sede do governo turco com a dominação do império otomano, e em 1943, com a independência do país, passou a ser a residência presidencial. Hoje, uma parte do palácio foi transformada em museu e a outra continua a servir como residência do presidente libanês durante o verão, onde acontece, na mesma época, o grande Festival Internacional ao ar livre com a participação de grupos folclóricos, música e teatro. Em 1993, uma exposição de artes exibiu pela primeira vez as fotos do brasileiro Sebastião Salgado. 

 

ANDAR POR ONDE JESUS ANDOU

Finalmente, descendo as montanhas, chega-se à Sidon ou Sidônia, a terceira cidade-estado dos fenícios, que em língua semita quer dizer “lugar de pesca”, foi fundada, segundo a Bíblia, pelo neto de Noé (o da arca). Esta cidade, situada há 45 km de Beirute, é citada várias vezes na Bíblia, pois era a preferida de Jesus quando queria descansar.

Uma pequena capela encravada, literalmente, numa gruta a poucos metros do mar sinaliza, hoje, o lugar onde Maria ficava esperando o filho, quando este descia para pregar para os pescadores do lugar com os apóstolos. Missas são rezadas diariamente nesta pequena capelinha de pedra que tem a imagem acolhedora da virgem logo na entrada da gruta. Mães de todas as nacionalidades entram ali para pedirem por seus filhos.

No Líbano, existem civilizações e civilizações sob nossos pés. A cada escavação, um tesouro perdido. Foi o que aconteceu em Sidon com uma tradicional família – os Audi (donos do Banco Audi), que ao reformarem a residência familiar, descobriram no subsolo uma fábrica de sabão do século XVII, praticamente intacta, e resolveram transformar em museu temático.

O Museu conta a história do sabão naquela região - que ia de Alepo, na Síria, à Naplouse, Palestina. Este é um assunto à parte, até pela importância que o banho possui, ainda hoje, no mundo islâmico, como fator de purificação para os rituais religiosos.

Sidon ou Saida, conhecida hoje como a cidade dos jardins, é a capital do Líbano-Sul e sede de vários Arcebispados e Igrejas de origem greco-melquita católico, ortodoxa e greco-ortodoxo, além de uma igreja latina – que hoje está sob a guarda da igreja maronita - com uma hospedaria que servia aos peregrinos de passagem para Jerusalém. Conta também com um importante pólo comercial e turístico, largas avenidas e belas praias. Além de um patrimônio importante: um povo alegre e hospitaleiro.

Enfim, conhecer o Líbano é mergulhar de cabeça na história da civilização humana, com todos os seus mistérios e tesouros guardados nas camadas de seu subsolo, seu relevo fascinante e colorido, milênios de cultura e civilização. Lembrando aqui que a guerra alardeada pelos meios de comunicação ocidentais resume-se a uma estreita faixa localizada no sul do país – a Faixa de Gaza – onde o acesso é permitido apenas à população do local e a jornalistas credenciados. No resto do país, reina a paz do paraíso terrestre, citado várias vezes pela Bíblia, e comprovado por turistas do mundo inteiro. Vale a pena conhecer o Líbano.