ICArabe participa na Apropuc de debate sobre jornalismo sob ocupação na Palestina e liberdade de expressão
O Instituto da Cultura Árabe esteve presente no debate "Jornalismo sob ocupação na Palestina x liberdade de expressão”, realizado pela Frente em Defesa do Povo Palestino e promovido pela Associação dos Professores da PUC-SP (Apropuc), em São Paulo, nesta quinta-feira, 4 de outubro.
Os diretores do ICArabe Soraya Misleh, jornalista, diretora de Comunicação e Imprensa e autora do livro "Al Nakba – um estudo sobre a catástrofe palestina", e José Arbex Jr., jornalista, professor da PUC-SP e membro do Conselho Fiscal, integraram a discussão que contou também com Mohamed Hamdem, jornalista palestino e apresentador da TV Al Jazeera, e Rita Freire, jornalista e coordenadora da Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada.
Misleh e Arbex iniciaram o debate comentando sobre o período das eleições no Brasil e posicionando-se contra o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL). Além da xenofobia, um dos motivos citados é a ameaça do candidato de transferir a Embaixada do Brasil para Jerusalém, como fez Trump, presidente dos Estados Unidos.
Em sua fala, o jornalista Mohamed Hamdem apresentou algumas reportagens e discorreu sobre diversos temas, como o movimento de resistência palestino em âmbito mundial, o viés da cobertura jornalística da mídia hegemônica em relação a assuntos que envolvem a questão palestina e o sofrimento dos palestinos desde a Nakba, catástrofe palestina que significou a expulsão de 800 mil palestinos de suas terras para criação do Estado de Israel em 15 de maio de 1948.
O convidado internacional também falou sobre a mudança da Embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém, em maio deste ano, os protestos palestinos e a repressão violenta de Israel. “As manifestações ocorrem às sextas-feiras, que é como se fosse um dia de descanso, como o domingo no Brasil. O Estado de Israel afirma que emite gás para acabar com a manifestação, mas acaba ferindo tanto quanto uma bala. Os manifestantes estavam desarmados e mesmo assim foram feridos ou mortos. Desde março foram 21.150. A notícia veiculada é que os manifestantes são terroristas, isso não é verdade e entre os atingidos há 1.950 mulheres, idosos e crianças. O governo de Israel não assume as atrocidades e os assassinatos que ocorrem. A população só quer uma vida digna", ressaltou Hamdem.
O jornalista frisou ainda que o sacrifício dos colegas de profissão para transmitir as notícias e o sofrimento do povo palestino – e suas consequências – são grandes. "O Estado de Israel não respeita a vida humana", pontuou.
Rita Freire falou sobre a cobertura sobre Palestina e afirmou a importância da comunicação alternativa. “Houve acesso às imagens das crianças que foram assassinadas em Gaza em 2014. A Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada participa do conselho do Fórum Social Mundial e os membros internacionais aprovaram a realização de missão na Palestina em 2015, na qual mais da metade era jornalista. O trabalho desencadeou campanhas pela libertação de presos políticos palestinos, como Islam Hamed, promoveu debates e publicações de apoio.”
A diretora do ICArabe Soraya Misleh apresentou dados de fontes palestinas: mais de 250 jornalistas foram feridos de janeiro a setembro de 2018; houve no período aumento de 37% nos ataques a esses profissionais em relação a 2017. “Israel continua avançando, e os palestinos continuam resistindo. Os jornalistas usam seu trabalho como instrumento de resistência, para transmitir a informação. São atacados pelas autoridades da Palestina e israelenses, há detenção administrativa sem qualquer acusação formal e renovada arbitrariamente para silenciá-los”, explicou. “A mídia livre contribuir com a luta pela Palestina livre, é fundamental democratizar a comunicação", finalizou Misleh.
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