Embaixador do povo saarauí fala na USP sobre a situação do Saara Ocidental

“É uma questão sobretudo de justiça. É um povo pequeno resistindo há 40 anos ao colonialismo. Uma causa nobre e uma sociedade que tem mostrado seu apego pela liberdade.”

Foi assim que Mohamed Laaroussi, embaixador da RASD (República Árabe Saharauí Democrática), descreveu em palestra na USP (Universidade de São Paulo) na última quinta-feira (11), a situação do povo saarauí, que desde 1975 vive isolado devido ao conflito militar entre Marrocos e a república.

A região do Saara Ocidental é disputada pelo Reino de Marrocos e a Frente Polisário desde a década de 60. Na mesma época, a ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou a Declaração sobre a Concessão de Independência aos Países e Povos Coloniais, que estimulou o descolonialismo da África. Entretanto, o domínio ainda persiste.

Laaroussi criticou o apoio internacional que o reino marroquino recebe para manter o domínio do Saara Ocidental. “Não se pode manter sem apoio financeiro, armamentício e político”.

O povo saarauí pede a realização de um referendo pela independência da região ao governo de Marrocos, o que até agora ainda não ocorreu.

O embaixador também falou sobre a ideia de liberdade entre o povo saarauí. “Suas mulheres têm os maiores índices de liberdade no Mundo Árabe. É uma sociedade de pluripartidarismo e de caráter progressista, 37% do parlamento é composto por mulheres, número acima da cota da União Africana”.

Ainda foi lembrado o fato de o Brasil, a Argentina e o Chile serem os únicos países da América Latina que não reconhecem a RASD. Em entrevista ao site do ICArabe após a palestra, Laaroussi disse que acredita que o reconhecimento é uma “questão de tempo”.  “A República Saharauí existe há 40 anos e cada vez há mais países que estabelecem relações diplomáticas com essa república”, afirmou. “É uma situação clara de um direito à autodeterminação. É uma tendência que está nos países da América Latina e o Brasil busca ocupar um lugar de vanguarda.”

Segundo ele, atualmente a república aguarda um posicionamento do governo brasileiro.

 

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