Isabel Fernández conversou com o público no CineSesc sobre o processo de criação do filme e a herança árabe na formação da Alhambra, em Granada.
Com sala cheia, a 20ª Mostra Mundo Árabe de Cinema exibiu, no último sábado (16), no CineSesc, o documentário Os Construtores de Alhambra, seguido de um debate com a diretora espanhola Isabel Fernández e a presidente do Instituto da Cultura Árabe (ICArabe), Natalia Calfat.
A obra apresenta o universo poético e arquitetônico do Andalus e a relação entre o sultão Yūsuf I e o poeta Ibn al-Khatib na criação da Alhambra, construída no século XIV em Granada, no Sul da Espanha.
Natalia Calfat conversou com Isabel Fernández sobre o processo de criação e o sucesso do filme, além da influência árabe na construção da Alhambra. “O cinema internacional é um dos grandes temas que o ICArabe promove. É um prazer recebê-la no Brasil e contar com sua receptividade para dialogar conosco”, disse.
No bate-papo, Fernández destacou que o filme surgiu de sua inquietação sobre a pouca valorização, inclusive na Espanha, da herança árabe na formação cultural e artística do país. “É uma parte da nossa história que quase nunca é contada. A arte andaluz é excepcional na Europa e eu queria entender a força da Alhambra, que também traz um incentivo de poder”, explicou.
A diretora contou que o projeto envolveu pesquisa em documentos históricos. “Quando comecei a pesquisa, pensei que teria de inventar o personagem porque queria contar a história humana da Alhambra. O que buscamos neste filme é mostrar um momento histórico específico da Espanha, da arte e da sua civilização no século XIV. Busquei uma coisa que não foi contada até agora e foi ali que eu descobri o Ibn al-Khatib”, detalhou.
Ela destacou também a boa recepção da obra na Espanha, “um país formidável, com as menores taxas de islamofobia. A população islâmica não é tão marginalizada quanto em outras partes da Europa, não só em relação à religião, mas também ao estilo de vida que é mediterrâneo. Então, temos muito mais conexão entre nós e o mundo árabe do que os franceses teriam ou até mesmo os alemães. Temos uma língua que se baseia no árabe”, sublinhou Isabel Fernández.
E completou:“O filme esteve cinco semanas em cartaz e foi o terceiro documentário mais visto no país. Recebi muitas respostas de espanhóis que disseram ter adorado. Em Granada, quatro salas exibiram o filme simultaneamente todos os dias, e foi o mais assistido. Os espanhóis querem saber dessa história e ainda temos muito trabalho a fazer neste sentido.”
Próximo debate
Próxima atração da Mostra será o debate “Palestina: uma história de exílios e catástrofes”, com presença do escritor Miltom Hatoum, no dia 23 de agosto, às 18h30, no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo (CCBB SP), com participação do escritor Milton Hatoum, imortal da Academia Brasileira de Letras e sócio benemérito do ICArabe.
A programação completa está disponível em: www.mundoarabe2025.icarabe.org.