O Instituto da Cultura Árabe (ICArabe) lança mais um verbete de sua série informativa sobre os árabes, reafirmando seu compromisso em promover conhecimento crítico e acessível sobre a cultura, a história e a sociedade árabe-islâmica. A iniciativa busca ampliar a compreensão do público brasileiro, combater estereótipos e corrigir interpretações equivocadas ainda presentes no imaginário coletivo. Cada novo verbete, elaborado por um especialista convidado, aprofunda aspectos variados do mundo árabe, estimulando a reflexão sobre suas contribuições históricas e contemporâneas e fortalecendo o diálogo intercultural baseado no respeito e na valorização da diversidade.
Confira a lista completa de verbetes neste link.
Xiitas
A palavra árabe shia significa partidários, e xiitas é como são chamados os partidários e seguidores do Imam Ali (Ali ibn Abu Taleb, primo e genro do Profeta) e dos seus Imames Sucessores (os “shiat Ali”, ou partidários de Ali). Refere-se comumente aos xiitas duodecimanos, ou seja, os seguidores da Escola dos Doze Imames dos Ahlul Bait, vistos como os doze sucessores legítimos do Profeta Mohammad segundo a corrente xiita.
Após a morte do Profeta Mohammad, em 632 d.C., houve um desacordo sobre quem deveria liderar a comunidade muçulmana. Enquanto um grupo escolheu Abu Bakr como primeiro califa, outro defendia seguir o testamento que o Profeta teria declarado durante sua vida, que designava Ali como sucessor. Ali, como uma das pessoas mais próximas do Profeta, foi quem cuidou de seu funeral e enterro, auxiliado por um grupo seleto de outros muçulmanos, enquanto no mesmo momento a escolha do Califa era feita em outro local.
Os xiitas enfatizam que, após o Profeta Mohammad, deveria haver alguém designado ou reconhecido como liderança espiritual e moral, e este seria o Imam. Esta figura desempenharia não apenas um papel político ou comunitário, mas espiritual, de guia, transmissão de ensinamentos, das práticas e do conhecimento, em acordo com as tradições do Profeta.
Em um contexto geral, no idioma árabe a palavra Imam significa chefe ou líder, podendo ser também o líder da oração congregacional. Mas no contexto do xiismo este termo é distintivo dos 12 sucessores do Profeta Mohammad com base em dezenas de seus ditos e ensinamentos, como por exemplo: “Os Imames depois de mim serão doze, o primeiro será Ali e o último será o Al-Mahdi, o Aguardado”.
O xiismo surgiu da crença de que a liderança após o Profeta Mohammad permaneceria na sua família (os Ahlul Bait). Segundo a interpretação xiita, os Ahlul Bait eram entendidos como os mais preparados, infalíveis e indicados por Deus no Alcorão Sagrado para assumir a função de liderança, com Ali como seu primeiro e legítimo representante.
Embora as duas vertentes coexistam há séculos, compartilhando muitas crenças e práticas, sunitas e xiitas mantêm relevantes diferenças no tocante à doutrina, aos rituais, às leis, às teologias e à organização.
Ao longo da história, o xiismo se consolidou como uma escola teológica, jurídica, filosófica e espiritual de destaque, centrada no Imamato e na luta pela justiça, com identidade própria dentro do Islã. Hoje os xiitas estão presentes principalmente no Irã, Iraque, Iêmen, Líbano e Síria, além de também integrarem a comunidade muçulmana em outros países de todos os continentes. Estima-se que aproximadamente ¼ de toda nação islâmica mundial seja formada por muçulmanos xiitas, ou seja, cerca de 400 a 500 milhões de pessoas.
Fonte: Dicionário de Termos Islâmicos. Editora Arresala, 2025. ISBN 978-65-89137-41-2, 137p.
O Dicionário de Termos Islâmicos é uma publicação da Editora Islâmica Arresala que traz significados ou definições de termos e palavras comumente usados no Islã e pela comunidade muçulmana. Uma obra pensada para leitores com conhecimento avançado e também para leitores com pouco ou nenhum conhecimento do Islã, que fornece uma visão altamente informativa das esferas religiosas, políticas e sociais do mundo islâmico. Há verbetes sobre temas de interesse atual, perfis biográficos e verbetes abrangendo termos da Lei Islâmica, cultura e espiritualidade, assim como principais eventos históricos e marcos importantes do Islã.
O Centro Islâmico no Brasil é uma entidade social e religiosa sem fins lucrativos que exerce suas atividades desde o ano de 1999, administrando e polarizando uma parte significativa do trabalho islâmico nacional. É presidido pelo Sheikh Taleb Hussein Al-Khazraji. Dentre seus principais focos de trabalho estão a constante orientação da comunidade islâmica, a aproximação entre as entidades islâmicas, religiosas e sociais, a ajuda social aos necessitados, a implementação de atividades culturais, e principalmente a divulgação do Islam entre as mais variadas esferas sociais. Sua atuação religiosa e cultural é voltada à orientação da sociedade, à promoção de eventos, cursos, estudos, ações sociais e ao fortalecimento do diálogo inter-religioso e intercultural, com impacto tanto nacional quanto internacional. O Grupo Arresala Comunicações atua na área editorial, acadêmica, jornalística e de entretenimento para o público lusófono. Além do canal Arresala Notícias, dedicado à informação islâmica e à geopolítica internacional, a Editora Islâmica Arresala publica obras de cunho cultural, religioso, acadêmico e educacional. Seu canal Arresala, um dos canais islâmicos mais diversificados no Brasil e América Latina, exibe entrevistas exclusivas, podcasts, documentários e filmes educativos
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